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ANITTA BARROCO

"AQUAE FLAVIAE"

"AQUAE FLAVIAE"

Sem ti...

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Nada há em mim se teus olhos se afastam;
resta uma saudade que molha meu peito,
uma dor que acolhe minha’alma

Nada reluz sem teu Sol em minha vida,
como é triste esse caminhar sozinha...
Jaz em mim uma tristeza infinda!

Sem ti; sou de mim pouco mais que a metade ,
sou o que resta quando os sonhos se vão,
sinto-me sozinha no silencio da escuridão

Minha pele sente a ausência de teus toques,
meus olhos a ausência de tua paz...
Assim sem ti; nada apetece, nada resta...

Anna Carvalho

 https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=188292 ©

Os Meus Pensamentos são Todos Sensações

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Sou um guardador de rebanhos. 
O rebanho é os meus pensamentos 
E os meus pensamentos são todos sensações. 
Penso com os olhos e com os ouvidos 
E com as mãos e os pés 
E com o nariz e a boca. 
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la 
E comer um fruto é saber-lhe o sentido. 
Por isso quando num dia de calor 
Me sinto triste de gozá-lo tanto. 
E me deito ao comprido na erva, 
E fecho os olhos quentes, 
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, 
Sei a verdade e sou feliz. 

 

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema IX" 
Heterónimo de Fernando Pessoa 

No Entardecer dos Dias de Verão

verao.jpg

No entardecer dos dias de Verão, às vezes, 
Ainda que não haja brisa nenhuma, parece 
Que passa, um momento, uma leve brisa... 
Mas as árvores permanecem imóveis 
Em todas as folhas das suas folhas 
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão, 
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria... 
Ah, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem! 
Fôssemos nós como devíamos ser 
E não haveria em nós necessidade de ilusão ... 
Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida 
E nem repararmos para que há sentidos ... 
Mas graças a Deus que há imperfeição no Mundo 
Porque a imperfeição é uma cousa, 
E haver gente que erra é original, 
E haver gente doente torna o Mundo engraçado. 
Se não houvesse imperfeição, havia uma cousa a menos, 
E deve haver muita cousa 
Para termos muito que ver e ouvir ... 

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XLI" 
Heterónimo de Fernando Pessoa 

Recomeçar

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Recomeçar é como renascer e ver o sol em um mundo de liberdade.
É crer que a vida se reanima diante de teus olhos fora da escuridão.
É saber que toda via tudo pode continuar

Recomeçar é como renascer da sombra de um passado que agora não conta mais.
é tornar-se simples, procurando nas pequenas coisas a felicidade.
É construir a cada momentoo teu amanha.

Recomeçar é como dizer sim a vida para libertar-se e voar sobre o horizonte além do limite,
onde a imaginação não tem medo.
É ver tua casa tornar-se grande como o mundo.

Recomeçar é acreditar no amor 
e sentir que mesmo na dor 
a alma pode cantar e não conter-se jamais.

Desconhecido

 
 

Sempre que Tiveres Dúvidas

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Sempre que tiveres dúvidas, ou quando o teu eu te pesar em excesso, experimenta o seguinte recurso: lembra-te do rosto do homem mais pobre e mais desamparado que alguma vez tenhas visto e pergunta-te se o passo que pretendes dar lhe vai ser de alguma utilidade. Poderá ganhar alguma coisa com isso? Fará com que recupere o controlo da sua vida e do seu destino? Por outras palavras, conduzirá à autonomia espiritual e física dos milhões de pessoas que morrem de fome? Verás, então, como as tuas dúvidas e o teu eu se desvanecem. 

 

 

Mohandas Gandhi, in 'The Words of Gandhi' 

 

I. O INFANTE

 

 

 

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. 
Deus quis que a terra fosse toda uma, 
Que o mar unisse, já não separasse. 
Sagroute, e foste desvendando a espuma,
E a orla branca foi de ilha em continente, 
Clareou, correndo, até ao fim do mundo, 
E viu-se a terra inteira, de repente, 
Surgir, redonda, do azul profundo. 
Quem te sagrou criou-te português. 
Do mar e nós em ti nos deu sinal. 
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. 
Senhor, falta cumprir-se Portugal!{#emotions_dlg.happy} 

 

 

 

http://www.casadobruxo.com.br/poesia/f/mensagem.htm

Hino ao Sono

 

Ó SONO! ó noivo pálido
Das noites perfumosas,
Que um chão de nebulosas
Trilhas pela amplidão!
Em vez de verdes pâmpanos,
Na branca fronte enrolas
As lânguidas papoulas,
Que agita a viração.

Nas horas solitárias,
Em que vagueia a lua,
E lava a planta nua
Na onda azul do mar,
Com um dedo sobre os lábios
No vôo silencioso,
Vejo-te cauteloso
No espaço viajar!

Deus do infeliz, do mísero!
Consolação do aflito!
Descanso do precito,
Que sonha a vida em ti!
Quando a cidade tétrica
De angústia e dor não geme...
É tua mão que espreme
A dormideira ali.

Em tua branca túnica
Envolves meio mundo...
E teu seio fecundo
De sonhos e visões,
Dos templos aos prostíbulos,
Desde o tugúrio ao Paço,
Tu lanças lá no espaço
Punhados de ilusões!...

Da vide o sumo rúbido,
Do hatchiz a essência,
O ópio, que a indolência
Derrama em nosso ser,
Não valem, gênio mágico,
Teu seio, onde repousa
A placidez da lousa
E o gozo de viver...

Ó sono! Unge-me as pálpebras...
Entorna o esquecimento
Na luz do pensamento
Que abrasa o crânio meu.
Como o pastor da Arcádia,
Que uma ave errante aninha...
Minh'alma é uma andorinha...
Abre-lhe o seio teu.

Tu, que fechaste as pétalas
Do lírio, que pendia,
Chorando a luz do dia
E os raios do arrebol,
Também fecha-me as pálpebras...
Sem Ela o que é a vida?
Eu sou a flor pendida
Que espera a luz do sol.

O leite das eufórbias
P'ra mim não é veneno...
Ouve-me, ó Deus sereno!
Ó Deus consolador!
Com teu divino bálsamo
Cala-me a ansiedade!
Mata-me esta saudade,
Apaga-me esta dor.

Mas quando, ao brilho rútilo
Do dia deslumbrante,
Vires a minha amante
Que volve para mim,
Então ergue-me súbito...
É minha aurora linda...
Meu anjo... mais ainda...
É minha amante enfim!

Ó sono! Ó Deus noctívago!
Doce influência amiga!
Gênio que a Grécia antiga
Chamava de Morfeu,
Ouve!... E se minhas súplicas
Em breve realizares...
Voto nos teus altares
Minha lira de Orfeu!

 

 

Castro Alves 

Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=253#ixzz2gh9RKw2B 
Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives

UM DIA

 








 
 

Um dia, gastos, voltaremos

A viver livres como os animais

E mesmo tão cansados floriremos

Irmãos vivos do mar e dos pinhais.

 

O vento levará os mil cansaços

Dos gestos agitados irreais

E há-de voltar aos nossos membros lassos

A leve rapidez dos animais.

 

Só então poderemos caminhar

Através do mistério que se embala

No verde dos pinhais na voz do mar

E em nós germinará a sua fala.

 

                           Sophia de Mello Breyner

 

LÁGRIMAS





O que está dentro de mim
Está dentro de mim
Ninguém arranca
Se eu não quiser
Ninguém me tira do chão
Ou me faz descer das nuvens
Se eu não me dispuser
A navegar meus rios
A contemplar meus desvarios
A devastar meus mares
A conhecer em mim diferentes lugares
Cubro-me de sonhos
Ventilados pela poesia
Que cintilam no céu da nostalgia
Há dissabores e lágrimas
Agarrados às minhas saias
Também encontro ondas de amor e alegria
Percorrendo as minhas praias
Não é assim o vai e vem do mar da vida ?
Escrevo sobre o que salta das minhas areias
Até encontrar a saída

 
                                                       
Úrsula A. Vairo Maia

ORAÇÃO DA TARDE

Vivo sentado como um anjo no barbeiro,
Empunhando um caneco ornado a caneluras;
Hipogástrio e pescoço arcados, um grosseiro
Cachimbo o espaço a inflar de tênues urdiduras.


Qual de um velho pombal a cálida esterqueira,
Mil sonhos dentro de mim são brandas queimaduras.
E o triste coração às vezes é um sobreiro
Sangrando de ouro escuro e jovem nas nervuras.

Afogo com cuidado os sonhos, e depois
De ter bebido uns trinta ou bem quarenta chopes,
Oculto, satisfaço o meu aperto amargo:

Doce como o Senhor do cedro e dos hissopes,
Eu mijo para os céus cinzentos, alto e lardo,
Com a plena aprovação dos curvos girassóis.



Arthur Rimbaud
Tradutor:Ivo Barroso

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