VERÃO
Inventaremos no verão os gritos
verberados na carta episcopal.
Somos apenas pássaros aflitos
que nada informam da questão moral.
Tens os olhos audazes, infinitos
e eu vejo em mim o deus verde do mal.
De nossas almas nascerão os mitos,
de nossas bocas uma flor de sal.
Deitaremos raízes sobre a praia
a jogar com palavras inexatas
o desespero de se ter um lar.
E quando para nós enfim se esvaia
o demônio das coisas insensatas
nossa grandeza brilhará no mar.
Paulo Mendes Campos