Quem terá deixado esquecida esta música ouvida num canto da rua? Ninguém de quem passa nela repara No entanto - é ela - faltava no dia de chuva No meu dia de chuva? Meu seria decerto este dia pois por mais precário que eu seja nenhuma chuva fora podia cair se acaso em mim não caísse Cai chuva e há música em meu coração Era mera ilusão o dia de chuva.
É grande o risco da palavra no tempo maior mesmo talvez que no mar Eu fui à margem do dia despedir um amigo e não houve no cais iniciativa verbal que edificasse uma só tenda para o nosso coração Éramos peregrinos que deixam a saudade de turistas ausentes na rua de outono Morríamos contra a curva dos dias a morte rotativa e provisória
Tivesse a própria palavra lábios e nenhum clima poderia arrefecer-lhe o coração Tivesse ela lábios e não seria tão grave o risco no tempo e no mar.
Somos a grande ilha do silêncio de deus
Chovam as estações soprem os ventos
jamais hão-de passar das margens
Caia mesmo uma bota cardada
no grande reduto de deus e não conseguirá
desvanecer a primitiva pegada
É esta a grande humildade a pequena
e pobre grandeza do homem.
Entre a rosa e a chuva é tudo solidão Nenhuma mão vence a distância que separa uma e outra ou no portão começa e termina na infância
Ia jurar que outrora estive aqui ou uma que não esta porta ao fim passarei E tudo coube no olhar com que não vi aquele rosto ali mas outro que não sei.