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Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios
Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador
Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos
Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz
Quem diz que Amor é falso ou enganoso,
Ligeiro, ingrato, vão desconhecido,
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou rigoroso.
Amor é brando, é doce, e é piedoso.
Quem o contrário diz não seja crido;
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens, e inda aos Deuses, odioso.
Se males faz Amor em mim se vêem;
Em mim mostrando todo o seu rigor,
Ao mundo quis mostrar quanto podia.
Mas todas suas iras são de Amor;
Todos os seus males são um bem,
Que eu por todo outro bem não trocaria.
Luís de Camões
Ditoso seja aquele que somente Se queixa de amorosas esquivanças; Pois por elas não perde as esperanças De poder nalgum tempo ser contente. Ditoso seja quem, estando absente, Não sente mais que a pena das lembranças, Porque, inda mais que se tema de mudanças, Menos se teme a dor quando se sente. Ditoso seja, enfim, qualquer estado, Onde enganos, desprezos e isenção Trazem o coração atormentado. Mas triste de quem se sente magoado De erros em que não pode haver perdão, Sem ficar na alma a mágoa do pecado. Luís de Camões
Quando de minhas mágoas a comprida Maginação os olhos me adormece, Em sonhos aquela alma me aparece Que pera mim foi sonho nesta vida. Lá nu~a saudade, onde estendida A vista pelo campo desfalece, Corro pera ela; e ela então parece Que mais de mim se alonga, compelida. Luís de Camões
Arre burrinho
Para S. Martinho
Carregadinho de pão e vinho.
Arre da Rinchoa
Carregadinho burrinho de broa.
Arre burrinho, arre burrinho
Sardinha assada com pão e vinho.
Amizades são feitas de pedacinhos.
Pedacinhos do tempo que vivemos cada um de nóz.
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