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ANITTA BARROCO

"AQUAE FLAVIAE"

"AQUAE FLAVIAE"

LÁGRIMAS





O que está dentro de mim
Está dentro de mim
Ninguém arranca
Se eu não quiser
Ninguém me tira do chão
Ou me faz descer das nuvens
Se eu não me dispuser
A navegar meus rios
A contemplar meus desvarios
A devastar meus mares
A conhecer em mim diferentes lugares
Cubro-me de sonhos
Ventilados pela poesia
Que cintilam no céu da nostalgia
Há dissabores e lágrimas
Agarrados às minhas saias
Também encontro ondas de amor e alegria
Percorrendo as minhas praias
Não é assim o vai e vem do mar da vida ?
Escrevo sobre o que salta das minhas areias
Até encontrar a saída

 
                                                       
Úrsula A. Vairo Maia

ORAÇÃO DA TARDE

Vivo sentado como um anjo no barbeiro,
Empunhando um caneco ornado a caneluras;
Hipogástrio e pescoço arcados, um grosseiro
Cachimbo o espaço a inflar de tênues urdiduras.


Qual de um velho pombal a cálida esterqueira,
Mil sonhos dentro de mim são brandas queimaduras.
E o triste coração às vezes é um sobreiro
Sangrando de ouro escuro e jovem nas nervuras.

Afogo com cuidado os sonhos, e depois
De ter bebido uns trinta ou bem quarenta chopes,
Oculto, satisfaço o meu aperto amargo:

Doce como o Senhor do cedro e dos hissopes,
Eu mijo para os céus cinzentos, alto e lardo,
Com a plena aprovação dos curvos girassóis.



Arthur Rimbaud
Tradutor:Ivo Barroso

NÃO ENTENDO

 

 

Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.

 

 

 

Clarice Lispector

A PARAGEM DO TEMPO

 

Ficámos na paragem do tempo o tempo suficiente para ele passar por nós.

Nesse momento infinito, em que o olhar dançava entre as urzes e o mar, a brisa quente de junho namorou o poema.

 

 

 

Onde ficava o mundo?

Só pinhais, matos, charnecas e milho

para a fome dos olhos.

Para lá da serra, o azul de outra serra e outra serra ainda.

E o mar? E a cidade? E os rios?

Caminhos de pedra, sulcados, curtos e estreitos,

onde chiam carros de bois e há poças de chuva.

Onde ficava o mundo?

Nem a alma sabia julgar.

Mas vieram engenheiros e máquinas estranhas.

Em cada dia o povo abraçava um outro povo.

E hoje a terra é livre e fácil como o céu das aves:

a estrada branca e menina é uma serpente ondulada

e dela nasce a sede da fuga como as águas dum rio.”

 

 

Fernando Namora, in ‘Terra’



hoje eu sinto a parada no tempo!.

LENDA DE SÃO MARTINHO

Em Portugal, o Outono e a chegada definitiva do tempo frio são comemorados no
dia 11 de Novembro, Dia de São Martinho. Neste dia, um pouco por todo o
país, comem-se sardinhas, assam-se castanhas, bebem-se vinho novo e água-pé e,
em alguns pontos do país, ainda há quem reúna familiares e amigos à volta de uma
fogueira ao ar livre...
Mas poucos são aqueles que sabem qual o real significado do Dia de São Martinho,
ou mesmo o que é o água-pé...


Começando pela história de São Martinho, reza a lenda que, "num dia
tempestuoso ia São Martinho, valoroso soldado romano, montado no seu cavalo,
quando viu um mendigo quase nu, tremendo de frio, que lhe estendia a mão
suplicante... S. Martinho não hesitou: parou o cavalo, poisou a sua mão
carinhosamente na do pobre e, em seguida, com a espada cortou ao meio a sua
capa de militar, dando metade ao mendigo. E, apesar de mal agasalhado e sob
chuva intensa, preparava-se para continuar o seu caminho, cheio de felicidade.
Mas, subitamente, a tempestade desfez-se, o céu ficou límpido e um sol de Estio
inundou a terra de luz e calor. Diz-se que Deus, para que não se apagasse da
memória dos homens o acto de bondade praticado pelo Santo, todos os anos, nessa
mesma época, cessa por alguns dias o tempo frio e o céu e a terra sorriem com a
bênção dum sol quente e miraculoso." É o chamado Verão de São Martinho!"
O costume do Magusto, que tradicionalmente começava no Dia de Todos-os-
Santos, é simultaneamente uma comemoração da chegada do Outono e um ritual.

 

ENTRE IRMÃOS

 

 

 

 

 

 

A primeira metade da vida passa-se a desejar a segunda; a segunda, a recordar a primeira.

A. Karr

 

 

Corrigindo o ditado: Recordar é sofrer.


Corrigindo o ditado: Recordar é viver.


Porque recordar também viver. Aliás, reviver.


E porque a  cada dia  que passa, eu revivo todos os momentos.




Foram breves os momentos que 
eu passei ao vosso lado. 
Mas mesmo assim, grandes e belos momentos.



OS MEUS REBENTOS.



QUERO NASCER COM AMOR





Venho de longe,de outra dimensão,
venho conhecer seu ‘EU’ seu coração,
entro, sinto seu ventre macio e aconchegante.
Com você vou andar de mão na mão,
o possível farei, para nunca receber um não,
serei sempre, seu amado filho imigrante.


Como filho,quero agora ter,
a emoção de melhor te conhecer,
sentir seu calor e amor abundante.
Conhecer meu pai, como um ser,
entender em vocês, o querer,
irem me busca, em lugar tão distante.


Saibam, um filho precisa de amor,
não gosta de sentir o temor,
o risco, de não ser amparado.
Ao mundo, chega com vigor,
desejando se tornar um primor,
jamais ser colocado de lado.


Filho, quer sentir-se no seio,
entre os pais, sentir-se no meio,
gostar de gostar, sentir-se gostado.
Não aceita sentir receio,
Sua vida, deve ser um recreio,
Sentir-se feliz, sentir-se amado.


Em seus delírios do namoro,
Pense primeiro no choro,
do filho, que vem de repente.
Imagine uma cobrança em coro,
ao pagamento, obrigatório do foro,
à ainda, uma adolescente.


Minha mensagem é, se não fui cogitado,
Por favor, quero ser evitado,
o amor, tem que ser a ‘RAIZ’.
Muito me assusta, ser largado,
não quero ser um estorvo, um coitado,
por pai, abandonado e mãe que não me quis.


Por:Cesar Alvarenga10/08/2010 )

 

Sem vontade de nada

 

Sem vontade de nada.

Sem vontade de levantar. Para quê? Fazer comida? Limpar a casa? Amanhã. Hoje não. Dá para ver um pouco de televisão. Dá para chorar e rir. Chorar é mais fácil.

 

Lê o jornal e "Que mundo horrível!". Não dá vontade de fazer nada. Um amigo convida para o cinema. "Hoje não, tenho compromissos." Compromisso com a cama, com o sofá, com o sumo, a comida que pede por telefone.

Só em questão de absoluta emergência tem de se vestir para ir ao banco. Toma banho, "Ah! Que delícia!".

As roupas ficaram apertadas. E agora? Veste com o fecho aberto, um casaco por cima. Uh! Para o sacrifício da rua, das pessoas, do mundo sujo e torpe, sem esperança, sem motivação, sem nada.

Como se fosse branco-e-preto o colorido do céu azul, a nuvem branca, a parede vermelha, a roupa verde, o sol dourado, a criança correndo, a senhora de bengala, o executivo apressado no telemóvel sem parar.

 

Caixa de banco olha para a fila e suspira. Chegou mais um. Ninguém me ajuda. Disseram que o caixa eletrônico resolveria. Devagar vai atendendo - afinal, tem tanto tempo e precisa não errar.

Na fila já se irrita. Demora demais, que horror. Pensa que eu tenho todo o dia? Cara fechada, ranzinza. Grita com um e com outro e se autoconfirma: "O mundo não presta, as pessoas são más".

Volta para casa com sacos de compras, de roupas, comidas, revistas, livros, CD e DVDs.

De novo se enfurna na internet. Joga paciência, procura amor virtual ouvindo música alto, cantando, para afastar o pranto. Conta piada no telefone, reclama das contas, das pessoas, do desemprego, das dificuldades. Retorna para a TV, para o DVD, para a cama - ninho precioso, local abençoado, livre de tudo e de todos.

Encolhe-se de lado e dorme. Sonha com anjos e lobisomem. Campos de flor- e trovadores. Campos arados e queimados. Bombas, pavores, amores, tremores. Vira do outro lado e sonha.

Se um dia sonhasse que acordava. O que perceberia?

Depressão é passageira. Mesmo que esteja na direção, no controle central. Vem e vai. Não se apegue. Não a segure. Deixe-a partir. Ela sai de leve se você, pára de reclamar. Se olhar para fora de sua gaiola. A porta está aberta, a grade é de vento.

 

 

Será que Buda saberia ajudar a acabar com a depressão? A pessoa até quer sair dessa trama, mas não consegue. Está amarrada, presa, enroscada. É infeliz, sofre demais, doença danada.

O que é saúde? Cinco frutas por dia, dizia um senhor ao meu lado. Apenas a garça voando baixinho de volta ao ninho.

 

De repente, abre a janela, respira fundo, parece que ela se foi.

 

Arruma o quarto, guarda as roupas, leva outras para a lavandaria, toma banho, veste-se, lê o jornal, toma café, sai para levar o pobre do cão a passear. Cumprimenta as pessoas, sorri.

 

Aquece-se com o sol. Árvore frondosa abraça e se firma. Vai fazer cursos, procura emprego, namora e se entrega à vida sem medo.

 

A depressão foi-se.

 

Tudo é possível, mas fica uma sombra: E se ela voltar?

 

Não adianta fechar as janelas, pôr tranca nas portas, se esconder em algum altar. Ela pode voltar.

 

Então receba, com dignidade. Conhecida depressão, vem ver-me. Estou preparada para recebê-la. Conheço sua manha, suas trapaças. Conheço bem os seus disfarces. Já não me controla, já não me derruba, apenas me deixa com mais algumas rugas."

 

 

Autor: Monja Coen

Fonte: Livro - Sempre Zen

CORAL DE CHAVES

Coral de Chaves ofereceu um Concerto de Aniversário, para assinalar 20 anos de actividade musical, com a participação do Ensemble da Orquestra de Sopros da Academia de Artes de Chaves.

 

Sinto orgulho de ser Flaviense

 

 Quero agradecer a todos;

 

Ao Coral de Chaves

 

Maestro-Fávio Videira

 

Nuno Costa

 

 Professora Florinda

 

 Maestro - Luciano Pereira da Orquestra de Sopros da AA  

 

Obrigado 

 

 

 

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