O que está dentro de mim Está dentro de mim Ninguém arranca Se eu não quiser Ninguém me tira do chão Ou me faz descer das nuvens Se eu não me dispuser A navegar meus rios A contemplar meus desvarios A devastar meus mares A conhecer em mim diferentes lugares Cubro-me de sonhos Ventilados pela poesia Que cintilam no céu da nostalgia Há dissabores e lágrimas Agarrados às minhas saias Também encontro ondas de amor e alegria Percorrendo as minhas praias Não é assim o vai e vem do mar da vida? Escrevo sobre o que salta das minhas areias Atéencontrar a saída
Vivo sentado como um anjo no barbeiro, Empunhando um caneco ornado a caneluras; Hipogástrio e pescoço arcados, um grosseiro Cachimbo o espaço a inflar de tênues urdiduras.
Qual de um velho pombal a cálida esterqueira, Mil sonhos dentro de mim são brandas queimaduras. E o triste coração às vezes é um sobreiro Sangrando de ouro escuro e jovem nas nervuras.
Afogo com cuidado os sonhos, e depois De ter bebido uns trinta ou bem quarenta chopes, Oculto, satisfaço o meu aperto amargo:
Doce como o Senhor do cedro e dos hissopes, Eu mijo para os céus cinzentos, alto e lardo, Com a plena aprovação dos curvos girassóis.
Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.
Em Portugal, o Outono e a chegada definitiva do tempo frio são comemorados no dia 11 de Novembro, Dia de São Martinho. Neste dia, um pouco por todo o país, comem-se sardinhas, assam-se castanhas, bebem-se vinho novo e água-pé e, em alguns pontos do país, ainda há quem reúna familiares e amigos à volta de uma fogueira ao ar livre... Mas poucos são aqueles que sabem qual o real significado do Dia de São Martinho, ou mesmo o que é o água-pé...
Começando pela história de São Martinho, reza a lenda que, "num dia tempestuoso ia São Martinho, valoroso soldado romano, montado no seu cavalo, quando viu um mendigo quase nu, tremendo de frio, que lhe estendia a mão suplicante... S. Martinho não hesitou: parou o cavalo, poisou a sua mão carinhosamente na do pobre e, em seguida, com a espada cortou ao meio a sua capa de militar, dando metade ao mendigo. E, apesar de mal agasalhado e sob chuva intensa, preparava-se para continuar o seu caminho, cheio de felicidade. Mas, subitamente, a tempestade desfez-se, o céu ficou límpido e um sol de Estio inundou a terra de luz e calor. Diz-se que Deus, para que não se apagasse da memória dos homens o acto de bondade praticado pelo Santo, todos os anos, nessa mesma época, cessa por alguns dias o tempo frio e o céu e a terra sorriem com a bênção dum sol quente e miraculoso." É o chamado Verão de São Martinho!" O costume do Magusto, que tradicionalmente começava no Dia de Todos-os- Santos, é simultaneamente uma comemoração da chegada do Outono e um ritual.
Venho de longe,de outra dimensão, venho conhecer seu ‘EU’ seu coração, entro, sinto seu ventre macio e aconchegante. Com você vou andar de mão na mão, o possível farei, para nunca receber um não, serei sempre, seu amado filho imigrante.
Como filho,quero agora ter, a emoção de melhor te conhecer, sentir seu calor e amor abundante. Conhecer meu pai, como um ser, entender em vocês, o querer, irem me busca, em lugar tão distante.
Saibam, um filho precisa de amor, não gosta de sentir o temor, o risco, de não ser amparado. Ao mundo, chega com vigor, desejando se tornar um primor, jamais ser colocado de lado.
Filho, quer sentir-se no seio, entre os pais, sentir-se no meio, gostar de gostar, sentir-se gostado. Não aceita sentir receio, Sua vida, deve ser um recreio, Sentir-se feliz, sentir-se amado.
Em seus delírios do namoro, Pense primeiro no choro, do filho, que vem de repente. Imagine uma cobrança em coro, ao pagamento, obrigatório do foro, à ainda, uma adolescente.
Minha mensagem é, se não fui cogitado, Por favor, quero ser evitado, o amor, tem que ser a ‘RAIZ’. Muito me assusta, ser largado, não quero ser um estorvo, um coitado, por pai, abandonado e mãe que não me quis.
Sem vontade de levantar. Para quê? Fazer comida? Limpar a casa? Amanhã. Hoje não. Dá para ver um pouco de televisão. Dá para chorar e rir. Chorar é mais fácil.
Lê o jornal e "Que mundo horrível!". Não dá vontade de fazer nada. Um amigo convida para o cinema. "Hoje não, tenho compromissos." Compromisso com a cama, com o sofá, com o sumo, a comida que pede por telefone.
Só em questão de absoluta emergência tem de se vestir para ir ao banco. Toma banho, "Ah! Que delícia!".
As roupas ficaram apertadas. E agora? Veste com o fecho aberto, um casaco por cima. Uh! Para o sacrifício da rua, das pessoas, do mundo sujo e torpe, sem esperança, sem motivação, sem nada.
Como se fosse branco-e-preto o colorido do céu azul, a nuvem branca, a parede vermelha, a roupa verde, o sol dourado, a criança correndo, a senhora de bengala, o executivo apressado no telemóvel sem parar.
Caixa de banco olha para a fila e suspira. Chegou mais um. Ninguém me ajuda. Disseram que o caixa eletrônico resolveria. Devagar vai atendendo - afinal, tem tanto tempo e precisa não errar.
Na fila já se irrita. Demora demais, que horror. Pensa que eu tenho todo o dia? Cara fechada, ranzinza. Grita com um e com outro e se autoconfirma: "O mundo não presta, as pessoas são más".
Volta para casa com sacos de compras, de roupas, comidas, revistas, livros, CD e DVDs.
De novo se enfurna na internet. Joga paciência, procura amor virtual ouvindo música alto, cantando, para afastar o pranto. Conta piada no telefone, reclama das contas, das pessoas, do desemprego, das dificuldades. Retorna para a TV, para o DVD, para a cama - ninho precioso, local abençoado, livre de tudo e de todos.
Encolhe-se de lado e dorme. Sonha com anjos e lobisomem. Campos de flor- e trovadores. Campos arados e queimados. Bombas, pavores, amores, tremores. Vira do outro lado e sonha.
Se um dia sonhasse que acordava. O que perceberia?
Depressão é passageira. Mesmo que esteja na direção, no controle central. Vem e vai. Não se apegue. Não a segure. Deixe-a partir. Ela sai de leve se você, pára de reclamar. Se olhar para fora de sua gaiola. A porta está aberta, a grade é de vento.
Será que Buda saberia ajudar a acabar com a depressão? A pessoa até quer sair dessa trama, mas não consegue. Está amarrada, presa, enroscada. É infeliz, sofre demais, doença danada.
O que é saúde? Cinco frutas por dia, dizia um senhor ao meu lado. Apenas a garça voando baixinho de volta ao ninho.
De repente, abre a janela, respira fundo, parece que ela se foi.
Arruma o quarto, guarda as roupas, leva outras para a lavandaria, toma banho, veste-se, lê o jornal, toma café, sai para levar o pobre do cão a passear. Cumprimenta as pessoas, sorri.
Aquece-se com o sol. Árvore frondosa abraça e se firma. Vai fazer cursos, procura emprego, namora e se entrega à vida sem medo.
A depressão foi-se.
Tudo é possível, mas fica uma sombra: E se ela voltar?
Não adianta fechar as janelas, pôr tranca nas portas, se esconder em algum altar. Ela pode voltar.
Então receba, com dignidade. Conhecida depressão, vem ver-me. Estou preparada para recebê-la. Conheço sua manha, suas trapaças. Conheço bem os seus disfarces. Já não me controla, já não me derruba, apenas me deixa com mais algumas rugas."
Coral de Chaves ofereceu um Concerto de Aniversário, para assinalar 20 anos de actividade musical, com a participação do Ensemble da Orquestra de Sopros da Academia de Artes de Chaves.
Sinto orgulho de ser Flaviense
Quero agradecer a todos;
Ao Coral de Chaves
Maestro-Fávio Videira
Nuno Costa
Professora Florinda
Maestro - Luciano Pereira da Orquestra de Sopros da AA